Mulher internada após comer ovo de Páscoa namorava há três meses com ex de suspeita de envenenar o chocolate
23/04/2025
(Foto: Reprodução) As investigações apontam que o relacionamento entre Mirian e o ex-marido de Jordélia teria sido a motivação para o crime. Segundo a polícia, a suspeita queria se vingar do ex-companheiro. Os dois filhos de Mirian morreram após comerem o chocolate. Mãe e irmã de menino de 7 anos que morreu após comer ovo de Páscoa no MA ficaram entubadas, após comer o chocolate.
Reprodução/TV Mirante
Mirian Lira, que foi hospitalizada com a família após comer um ovo de Páscoa no Maranhão, estava namorando há cerca de três meses, a distância, com o ex-marido de Jordélia Pereira Barbosa. Jordélia está presa e é suspeita de ter colocado veneno no chocolate. Ela nega.
O filho de Mirian, Luís Fernando, de 7 anos de idade, morreu na madrugada de quinta-feira (17) depois de comer o ovo, em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão. Nesta terça (22), cinco dias após o irmão, Evely Fernanda, de 13 anos, também morreu. A mãe das vítimas recebeu liberação para acompanhar o velório e enterro da filha.
Mirian foi extubada na tarde de domingo (20). Ela saiu da UTI e foi para a enfermaria na manhã da segunda (21). Ela precisou ser sedada após receber a notícia sobre a morte do filho e o estado de saúde da filha.
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O relacionamento entre Mirian e o ex-marido de Jordélia teria sido a motivação para o crime. Segundo a Polícia Civil do Maranhão (PCMA), a suspeita tinha ciúmes e queria se vingar do ex-companheiro.
As investigações apontam que Mirian e o seu atual namorado já tinham se relacionado durante a adolescência, na cidade de Santa Inês, onde ela morava na época. Após o fim do namoro, Mirian se mudou para Imperatriz, onde conheceu o pai de seus filhos. Ela continuou a viver por lá mesmo após o fim desse segundo relacionamento, em dezembro do ano passado.
Já o ex-namorado de Mirian continuou morando em Santa Inês, onde se casou com Jordélia e teve dois filhos com ela. Eles se separaram há dois anos.
Em janeiro deste ano, o ex-marido de Jordélia e Mirian voltaram a namorar. Pela distância, eles se falavam por telefone. As investigações apontam que o último contato pessoal entre Mirian e o namorado foi há mais de um mês.
“No dia dos fatos, o namorado da vítima estava na cidade de Santa Inês. Era um relacionamento a distância. Enquanto ela residia na cidade de Imperatriz, ele residia na cidade de Santa Inês. Havia planos de ela acabar mudando pra lá, mas isso era mais pro futuro”, explicou a delegada Allana Lima, da Delegacia de Homicídios de Imperatriz .
Após Mirian e os filhos comerem o ovo de Páscoa e passarem mal, a polícia entrou em contato com o namorado da vítima, que foi espontaneamente à Delegacia de Santa Inês prestar esclarecimentos a respeito do caso. Foi ele quem deu pistas à polícia de que Jordélia poderia ser a autora do suposto envenenamento, pois o relacionamento entre eles era conturbado e a ex-mulher já havia ameaçado Mirian em janeiro deste ano, por meio de uma rede social.
As investigações apontam, ainda, que não havia qualquer relação entre Mirian e Jordélia.
“O que se apurou até o presente momento é que não havia relação entre a ex-esposa dele e a atual namorada, até porque moravam em cidades distintas. Tanto essa ex-companheira quanto o namorado atual da vítima residem na cidade de Santa Inês, enquanto a vítima reside na cidade de Imperatriz”, destacou a delegada Allana Lima.
A polícia ainda não tem indícios de que outra pessoa tenha participado do crime, mas o aparelho celular de Jordélia será periciado para identificar se ela teve ou não ajuda de alguém.
“Na verdade, o que se suspeita realmente é que ela (Jordélia) tenha planejado tudo sozinha, até pelas circunstâncias do crime. Inclusive também o celular dela foi apreendido e passará por perícia, pra gente avaliar a fundo se há a participação de outros indivíduos”, aponta a delegada.
Jordélia Pereira foi presa em flagrante na quinta-feira. A prisão preventiva dela foi decretada durante a audiência de custódia realizada na sexta (18). Ela estava presa em Santa Inês, mas foi transferida no domingo para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís (UPFEM).
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), ela deve permanecer no presídio à disposição da Justiça durante o curso das investigações.
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Quem é a suspeita presa
Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, foi presa suspeita de envenenar ovo de Páscoa no interior do Maranhão.
Divulgação/Redes sociais
Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, é mãe de um casal de filhos, uma criança e um adolescente, que teve com o ex-marido.
Moradora do Centro de Santa Inês, Jordélia era conhecida no ramo da beleza e possui um estúdio de estética em casa. Em um perfil em uma rede social, ela afirma ser esteticista, além de embaixadora de uma linha de cosméticos e instrutora em uma instituição de ensino profissionalizante no curso de estética, desde 2019.
Com 12,5 mil seguidores em uma rede social, Jordélia compartilhava o trabalho que realiza como esteticista, além de publicar mensagens de superação e motivação.
A suspeita de envenenar a família também frequentava uma igreja evangélica quando estava casada, segundo relatos de alguns fiéis, que disseram que o casal era problemático e vivia brigando, inclusive na porta da instituição religiosa.
Há suspeita de que o ovo recebido pela família estava envenenado.
Reprodução/TV Mirante
Ciúme e vingança
Segundo as investigações da Polícia Civil do Maranhão, ciúme e vingança levaram Jordélia a supostamente envenenar um ovo de Páscoa e enviar para Mirian Lira.
Em depoimento na Delegacia Regional de Santa Inês, ela confessou ter comprado o chocolate, mas negou ter colocado veneno. A Polícia Civil destaca que há indícios suficientes de que Jordélia seria autora do crime.
“Os indícios levam a crer, através de vários pontos investigados, que o crime foi motivado por vingança, por ciúme, tendo em vista que o ex-marido da autora é o atual companheiro ou atual namorado da vítima, que foi envenenada juntamente com seus dois filhos", disse o secretário de segurança do Maranhão, Maurício Martins.
O g1 não conseguiu localizar a defesa da suspeita até a publicação desta reportagem.
Ao ser presa em Santa Inês, a polícia encontrou com Jordélia com duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas e um bilhete de ônibus. As provas foram anexadas ao inquérito.
Material apreendido com Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, suspeita de envenenar família com ovo de Páscoa no Maranhão.
Divulgação/Polícia Civil do Maranhão
Análises de imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de familiares e pessoas ligadas às vítimas ajudaram a polícia a resolver o quebra-cabeça e chegar até a suspeita.
As amostras dos ovos de Páscoa foram encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística e o prazo para o resultado é de 10 dias. Também já foi solicitada à perícia a coleta de sangue das vítimas e dos produtos encontrados com a suspeita, além do laudo cadavérico de Luís Fernando que podem comprovar o envenenamento do ovo.
Crime premeditado
Jordélia Pereira viajou 384 km, saindo de Santa Inês para Imperatriz. A viagem foi feita em um ônibus interestadual que liga os dois municípios. Ela saiu de Santa Inês por volta de 0h30 da madrugada de quarta-feira (16) e chegou em Imperatriz no mesmo dia, pela manhã.
Por volta das 15h de quarta, Jordélia foi disfarçada a uma loja de chocolates e comprou um ovo de Páscoa. Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela usando óculos e uma peruca preta no estabelecimento. À noite, o ovo foi enviado para a casa das vítimas por motoboy.
Por volta de 2h30 de quinta, ela pegou um ônibus intermunicipal para voltar a Santa Inês. Ela foi interceptada e presa assim que desceu do ônibus.
Suspeita de envenenar ovo de Páscoa se disfarçou para comprar chocolate em loja
Segundo o delegado Ederson Martins, ajunto operacional da Polícia Civil, todos os indícios do caso levam a crer que o crime foi premeditado com detalhes e com antecedência.
A suspeita se passou por uma mulher trans e fez a reserva em um hotel de Imperatriz. Com o nome falso de Gabrielle Barcelli, ela apresentou crachás falsos e um deles era de uma suposta empresa de gastronomia.
Para não apresentar um documento de identificação, ela alegou para à direção do hotel que estava passando por um processo de regularização como mulher trans.
Entenda o caso
A família recebeu o ovo como se fosse um presente. Com o ovo havia um bilhete com a mensagem: "Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa". Os três comeram o chocolate.
Mirian recebeu a ligação de uma mulher, não identificada, que questionou se ela havia recebido o ovo de Páscoa. A vítima chegou a perguntar quem falava ao telefone, mas a mulher não respondeu.
Luís Fernando, filho de Mirian, foi o primeiro a começar a passar mal. O pai da criança foi chamado e o levou para o Hospital Municipal de Imperatriz (HMI). A criança chegou a ser entubada, mas não resistiu e morreu horas após ter sido internada.
Mirian começou a apresentar sintomas de envenenamento quando estava no hospital, logo após o filho ter sido entubado. Ela começou a sentir dificuldade de respirar e foi internada na UTI.
Logo após Mirian, a filha dela, Evely Fernanda, também deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. A menina também havia comido o ovo de Páscoa. Ela morreu na terça devido a um choque vascular, associado com a falência de vários órgãos.
Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos de idade, morreu na madrugada desta quinta-feira (17)
Reprodução/TV Mirante
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