Família oferece R$ 100 mil por pistas sobre quem assassinou casal em São Luís
11/04/2025
(Foto: Reprodução) Joel Bastiaens e Sandra Maria foram mortos a tiros em uma casa no bairro Araçagy, em 2010. Caso nunca foi esclarecido e o inquérito foi arquivado sem a identificação de suspeitos. Joel Bastiaens e Sandra Maria foram assassinados a tiros em uma casa no bairro Araçagy, em São Luís.
Reprodução/TV Mirante
Familiares abriram uma campanha e estão oferecendo R$ 100 mil por qualquer pista que leve até alguém que possa ter participado do assassinato do casal Sandra Maria Dourado de Souza e Joel Bastiaens. Ambos foram mortos a tiros, no dia 28 de fevereiro de 2010, e o caso nunca foi esclarecido.
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Sandra era maranhense, enquanto Joel era holandês, e ambos eram corretores de imóveis. Na época do crime, eles teriam sido atraídos para uma casa no bairro Araçagy, por um suposto comprador, e lá foram brutalmente assassinados a tiros.
Os familiares acreditam que o duplo assassinato pode ter sido encomendado. No entanto, 15 anos após o crime, nenhum suspeito foi sequer identificado e o inquérito foi arquivado.
“Você tem que lutar tanto pela justiça. Por coisas que você não pediu de jeito nenhum. Para que eles te decepcionem completamente nesse aspecto. Você tem que resolver tudo sozinho”, declara Loes Hamel, mãe de Joel Bastiaens.
Assassinato de holandeses é denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A campanha dos familiares foi iniciada no dia 14 de março e divulgada nas redes sociais, por meio da Fundação Peter R. de Vries. Qualquer dica que ajude a levar à elucidação do duplo homicídio pode ser enviada por meio do site da instituição e para o e-mail: tip@peterrdevries.nl. As testemunhas também podem entrar em contato com a fundação de forma anônima.
Clique e acesse do site da Fundação Peter R. de Vries
Governo do Maranhão condenado por omissão
No ano passado, o Governo do Estado do Maranhão foi condenado pela Justiça por se omitir e não dar respostas ao assassinato do casal Joel e Sandra. O juiz Itaércio Paulino da Silva, titular da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, determinou o pagamento de R$ 160 mil com indenização por danos morais aos familiares.
Entre os pontos que evidenciam a responsabilidade do Estado pela omissão, de acordo com a sentença da Justiça, estão:
Falta de estrutura adequada na Delegacia para promover a investigação de forma eficiente
Demora excessiva para a realização de diligências essenciais para elucidação do crime
Pausas longas na tramitação do inquérito, com a perda de oportunidade de coleta de provas importantes
Imprestabilidade de coleta de provas depois de decorrido tanto tempo do crime, ensejando a impunidade do autor do delito
Procurado, o governo do Maranhão se limitou a dizer que só se manifestará sobre o caso dentro do processo, não explicando os motivos de arquivar as investigações do crime.
"A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) esclarece que em casos de demandas processuais em curso no âmbito do Poder Judiciário, estando o Estado dentro do seu prazo processual de manifestação (de defesa ou recursal), a atuação do ente público se dará nos autos do respectivo processo", diz a nota.
Cronograma do caso
No dia 28 de fevereiro de 2010, o casal de namorados, Sandra e Joel, foram mortos no dia 28 de fevereiro de 2010, em uma casa no bairro do Araçagy, na divisa dos municípios de São José de Ribamar e São Luís.
No inquérito policial, as suspeitas chegaram a cair sobre o ex-marido de Sandra Dourado, o empresário Sérgio Damiani. Sandra chegou a registrar boletim de ocorrência por agressão e ameaça de morte contra o marido, quando ainda estava casada com ele, entre os fatos que teria motivado o divórcio. O inquérito policial, porém, nunca chegou a ser concluído, e as investigações foram paralisadas por anos.
Em 2018, as famílias das vítimas, brasileira e holandesa, denunciaram o Governo do Maranhão, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos por negligência na elucidação do caso.
Além da punição dos culpados pelo crime, as famílias querem que sejam apontadas as responsabilidades das autoridades que deveriam apurar o crime e um pedido de desculpas do Governo do Estado.
De acordo com a OAB-MA, em 2018, o caso foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Em 2019, as famílias iniciam tratativas com o governo do Maranhão, por meio da Procuradoria Geral do Estado, quando traçaram um cronograma de ações para dar prosseguimento às investigações, entre outras solicitações, o que nunca foi correspondido.
Em 2020, com pandemia da Covid-19, as reuniões presenciais foram canceladas. Em 2021, o Estado Brasileiro foi denunciado mais uma vez à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e à Advocacia Geral da União em razão do abandono, por parte do governo do Maranhão, da mesa de negociação instalada em 2019 para a retomada das investigações.
Em 2022, o escritório de advocacia, que representa os familiares das vítimas informou que o caso foi arquivado na 2ª Vara Criminal de São José de Ribamar, sem o crime ter sido solucionado.